Sutura Urbana

escrito por Tomás Velasco . novembro 2022

“Se eu pudesse, desejava a vida do arquiteto a todas as pessoas, pois não há vida mais preenchida (podemos levar isto à letra). Desejaria a todos que vissem a arquitetura como eu a vejo, com a mesma paixão que tenho ao desenhar um espaço. Não lhes desejaria, com certeza, as longas horas.”

O crescimento frenético do betão nas ultimas décadas, especialmente com o êxodo rural que trouxe as pessoas para as cidades em busca das boas oportunidades laborais fez com que se construísse muito e rápido. Essa velocidade e excesso fez com que alguns erros no tecido urbano surgissem, naturalmente , e é por isso que o Planeamento Urbano e a Arquitetura têm aparecido de mãos dadas para resolver estes problemas.

Cabe-nos a nós como arquitetos intervir neste território e suturar os pontos mais delicados, para que não se perca a identidade e paisagem natural do sítio. Que tenhamos a sensibilidade de saber intervir, sabendo que por vezes uma boa intervenção é mesmo saber “deixar o espaço em paz”.

Em nota positiva, os municípios e seus respetivos departamentos urbanísticos têm hoje melhores ferramentas para poder controlar todos os projetos que lhes são afetos e com isso conseguir uma melhor unidade de desenvolvimento territorial.

As novas plataformas digitais vieram trazer rapidez e eficiência no controlo de qualidade do desenvolvimento urbano e por consequência da imagem da cidade. Vieram dinamizar , por exemplo, a facilidade na submissão de projetos e a velocidade de execução dos mesmos com a possibilidade de consultas e reuniões on-line com os seus respetivos técnicos.

Esta facilidade digital do acompanhamento de um projeto em todas as suas diferentes fases produz um melhor controlo de qualidade e permite, por um lado, acompanhar a velocidade dos dias modernos e, por outro, assegurar a sutura de muitos dos espaços intersticiais existentes no nosso território. É um ponto muito positivo para o futuro da nossa profissão e para o futuro da sociedade.